Há muitos anos, organizações ambientalistas denunciam os estragos feitos pelas plantações de palma para a produção de óleo de dendê em larga escala, em maioria para grandes empresas estrangeiras. Há, no entanto, uma outra vítima dessa atividade comercial além da natureza. É um modelo de produção que se sustenta pela apropriação de terras, a exclusão das comunidades que ali vivem, a exploração dos recursos naturais e inúmeras formas de violência, especialmente contra as mulheres das comunidades. Em texto, o Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (WRM, sigla em inglês) afirmou que “a violência inerente ao modelo colonial de plantações não poupa os sistemas de reprodução da vida, ou seja, sistemas de organização coletiva, soberania alimentar, cuidado comunitário, diversidade cultural e linguística, saberes ancestrais, entre muitos outros aspectos”.
Em 25 de novembro de 2020, Dia Internacional de Combate à Violência Contra as Mulheres, a Aliança Informal Contra as Plantações Industriais de Óleo de Palma lançou o vídeo “Violência e abuso sexual contra mulheres em plantações industriais de dendê” para denunciar essa realidade vivida principalmente na África Ocidental e Central. A Aliança Informal é um coletivo de militantes comunitários e organizações populares das mencionadas regiões da África. O vídeo cumpre o papel de ampliar a solidariedade, expressar apoio “a todas as mulheres que são deixadas para sofrer sozinhas, em silêncio” e homenagear “todas aquelas mulheres corajosas que, contra todas as probabilidades, resistem e dizem não à violência e ao abuso”. Assista o vídeo:
“Uma vez estabelecidas, as empresas fazem todo o possível para maximizar seus lucros à custa das mulheres de quem a terra foi tirada para desenvolver as plantações. O bem-estar das mulheres não é prioridade para essas empresas”, explica o vídeo. O modelo capitalista de produção dessas plantações e o patriarcado são estruturas indissociáveis. A violência é uma prática sistêmica. Uma vez que as empresas estabelecem suas instalações, a violência sexual aumenta e afeta diretamente a vida de mulheres e crianças das comunidades ao redor. São postos em risco também o sustento, a soberania alimentar e a segurança dessas mulheres e de suas famílias.