Os titãs tecnológicos chegaram ao campo: robôs, mapeamento, extração de dados, ameaças e espionagem. Mas eles se depararam com a resistência camponesa: sabedoria, experiência, intercâmbio e respeito pela natureza.
Essa é a história de Esperança, Margarida e Rosa. Elas são agricultoras e percebem como os instrumentos da agricultura 4.0 estão em seu cotidiano. Esperança procura Rosa para conversar sobre as dificuldades que teve para fazer o cadastro digital de sua terra, quando vê um drone sobrevoando o quintal. Enquanto comem um bolo, compartilham informações sobre a apropriação corporativa dos dados da vida e dos territórios dos povos. Elas se perguntam quais os objetivos das empresas com todos esses dados, e escutam de Margarida sobre como as tecnologias digitais dependem da natureza e da exploração mineral. Juntas, as personagem conversam sobre as suas formas de cultivo e experimentação, o roçado todo vivo e misturado, e sobre práticas agroecológicas que os robôs programados pelo agronegócio 4.0 não tem repertório para entender.
Assista abaixo a nova animação da Rede de Avaliação Social de Tecnologia na América Latina (Rede TECLA), produzida junto com a Marcha Mundial das Mulheres, o Grupo de Ação sobre Erosão, Tecnologia e Concentração (Grupo ETC) e REDES – Amigos da Terra do Uruguai.
A chamada agricultura 4.0 articula mudanças na forma como se faz agricultura, impactando diretamente as agricultoras e agricultores camponeses. Essas mudanças tem a ver com o uso de tecnologias digitais nas máquinas agrícolas e de novos equipamentos, como drones e sensores, cada vez mais automatizados.
Com o usos dessas tecnologias e equipamentos, a extração de dados sobre o clima, o solo e o manejo, e o processamentos deles pelas grandes empresas passam a ter centralidade. Esses grandes bancos de dados permitem que a agricultura esteja cada vez mais no circuito financeirizado do capital, organizado pela especulação.
A digitalização no campo não acontece só onde as grandes empresas atuam: ela vai invadindo a vida dos e das camponesas. Os cadastros digitais, como o que Esperança teve que fazer, são mecanismos que fazem avançar a grilagem digital de terras.
A reforma agrária, o poder popular, a agroecologia e a soberania alimentar são estratégias para enfrentar o capitalismo digital na agricultura.