Galeria de cartazes: feminismo anti-imperialista para mudar o mundo

01/05/2021 |

Por Capire, AIP e Jornada Internacional de Luta Anti-imperialista

Neste 1º de maio de 2021, lançamos uma nova galeria virtual, com cartazes criados por 24 pessoas e coletivos de 12 partes diferentes do mundo.

Neste 1º de maio de 2021, lançamos uma nova galeria virtual, com cartazes criados por 24 pessoas e coletivos de 12 partes diferentes do mundo.

As mulheres estão na linha de frente das resistências contra o imperialismo, as guerras, violências, bloqueios, invasões, ocupações. De Cuba ao Líbano, do Chile à Turquia e pelo mundo todo, as mulheres trabalhadoras enfrentam o neoliberalismo, o poder corporativo e a mercantilização da vida e da natureza, e defendem a terra, o trabalho digno, a vida, as comunidades, os bens comuns, a liberdade e a soberania popular. 

O feminismo cria e recria símbolos e alternativas para uma sociedade de igualdade, solidariedade, liberdade, justiça e paz. Rompe as amarras que tentam violentar e controlar a sexualidade e os corpos das mulheres. Defende a vida e o direito à saúde. Alimenta comunidades e combate a fome, as cercas, o latifúndio e o racismo. Ocupa espaços e combate a divisão sexual do trabalho. Mantém viva a memória de antigas lutadoras e a chama atual da rebeldia. Coloca em prática o afeto revolucionário e organiza a unidade na diversidade.

Essas são algumas das lutas retratadas nos 30 cartazes que compõem esta galeria virtual internacional organizada neste 1º de maio, Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, em parceria pelo portal Capire, pela Assembleia Internacional dos Povos e pela Jornada Internacional de Luta Anti-imperialista.

Entre colagens, bordados, pinturas, desenhos e fotografias com as mais diversas técnicas, as participantes inventaram sua forma de representar o feminismo, o anti-imperialismo e o desejo de mudar o mundo. Veja as imagens e leia os relatos das artistas sobre seus processos de criação!

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Paulina Veloso, Chile. “Esta imagem foi criada para enfatizar a diversidade e plurinacionalidade (andina, mapuche e afro-descendente) da luta feminista antipatriarcal em meu país/território. Foi inspirada pela revolta de outubro no Chile, faz alguns acenos aos símbolos da rebelião (o cão ‘Matapacos’) e protesta contra a violação dos direitos humanos (olhos por olhos mutilados pelas forças repressivas), além da força telúrica da terra e da natureza”.


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Daily Guerrero Hernández, Cuba. Têmpera em cartolina, “Fale, calar dói mais”. “Meu cartaz está diretamente relacionado à violência de gênero”.


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Barracón Digital, Honduras, “Presença e resistência”. “Somos o coletivo Barracón Digital, um espaço seguro para ativistas onde compartilhamos e lutamos pelos direitos humanos, como a liberdade de expressão e os direitos digitais”.


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Marcha Mundial das Mulheres, Líbano. “Virgindade é uma construção social”. “Em algumas faculdades de medicina, ainda se ensina como realizar testes de virgindade. Foi isso que nos levou a contra-atacar”.


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Marcela Nicolas/Levante Popular da Juventude, Brasil. Colagem de fotografias. “Este cartaz nasce de fotos das ações de solidariedade durante a pandemia e da construção do 8 de março deste ano. Carrega a mensagem anti-imperialista para este momento político em todo o mundo: VACINA PARA TODOS. Resgato uma frase de Eduardo Galeano que já fez romper cercas e latifúndios: ‘Se não nos deixam sonhar, não os deixaremos dormir’ para trazer a esperança”.


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Eleni Diker e Nil Delahaye/Movimento Corporal para Grupos Vulneráveis [Body Movement for Vulnerable Groups – BoMoVu), Turquia. O texto está em árabe, turco, armênio e curdo, e quer dizer “pode ir se acostumando, não vamos sair daqui!”, “Como BoMoVu, saudamos todas as meninas e mulheres que lutam em nome do esporte e do movimento corporal na família, em casa, em campo, no vestiário, no setor e, antes de tudo, no coração”.


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Ana Gouvêa, Brasil, colagem digital. “A obra tem como principais inspirações a luta política da líder indígena brasileira Sônia Guajajara, o conceito de “améfrica ladina”, da intelectual brasileira Lélia Gonzales e a obra “América Invertida”, do artista uruguaio Joaquín Torres García”.


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Clara Taylor/Code Pink, “Vive la liberté!”, EUA, pintura e colagem. “Este cartaz é uma homenagem ao legado das mulheres heroicas da Revolução Haitiana e ao processo de libertação que ainda hoje serve como guia para a resistência contra o imperialismo. As mulheres ilustradas neste trabalho falam de atividades diversas de liderança – o uso da cultura, da religião e da arte na luta.”


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Elsa Rakoto/Coletivo Afro feminista Sawtche, França, tinta nanquim sobre papel natural, “Todas as feministas na luta contra o imperialismo”. “Eu queria representar jovens mulheres afrodescendentes e africanas, conscientes da necessidade de proteger o vivo em sua globalidade contra a máquina assassina do heteropatriarcado, do capitalismo”. O punho erguido, símbolo do Black Power, é diretamente contextualizado com a necessidade de fazer parte de um campo de ação muito mais amplo.


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María Fernanda Ponce/Marcha Mundial das Mulheres, Bélgica, “Rana Plaza nunca mais”. “O objetivo deste cartaz é o de expressar a solidariedade feminista contra o poder das empresas transnacionais, que gera consequências na vida das mulheres trabalhadoras. A imbricação da divisão internacional, social, sexual e racista do trabalho é parte de uma estratégia cruel: socializa os riscos e concentra as riquezas”.


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Valentina Machado e Valentina Lasalvia, Uruguai, colagem analógica com retoques digitais. “Inspiramo-nos na diversidade de forças de mulheres e pessoas não binárias, que é capazes, em conjunto, de derrubar e mudar tudo”.


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Bianca Pessoa/Marcha Mundial das Mulheres, Brasil, “A nossa chama”, colagem digital. “A luta das mulheres em todo o mundo pelo direito à terra e pela soberania alimentar. Desde 2019, com as preparações para a Marcha das Margaridas, estou em contato com muitas mulheres do campo e acompanho de perto suas lutas e jornadas que me inspiram”.

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Medya Üren, Curdistão, pinturas a óleo. “É a unidade, igualdade e resistência democrática que as mulheres de Istardan e İnanna encampam contra a guerra, a discriminação, o sexismo, o racismo e a opressão. As mulheres que sofreram golpes econômicos e sociais foram recentemente afetadas pela mentalidade masculina. Em especial, grandes guerras foram travadas no nosso país, como o anulamento da Convenção de Istambul, a prisão de mulheres engajadas na luta política e operações contra instituições de mulheres. Como sempre, as mulheres resistem.”


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Renata Barbosa Reis, Brasil, bordado livre e tinta para tecido, “de nossos caminhos, cuidamos nós!”. Após ler o texto de Elpidia Moreno no Capire, não pude mais esquecer o trecho: ‘Vocês, amigos e amigas do mundo, podem contar com as mulheres cubanas. Estaremos sempre dispostas a oferecer nossos esforços, nosso apoio incondicional às causas justas dos povos’. Imaginei mãos que se tocam e se transformam em uma rede internacional conectada pela necessidade de viver sem exploração e violência, com liberdade e vontade de partilhar sabedoria sem interferências imperialistas. Os círculos roxos representam a militância feminista que inaugura possibilidades para construir outra realidade”.


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Trinidad Quintana Perlingieri, Argentina, “Vivas e livres”, colagem com sobreposições e transparências de recortes de jornais e aquarelas. “Me inspirei em minha série de trabalhos ‘As Juanas’. Eu queria que as Juanas se reunissem na mobilização do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora. Tenho 14 anos, leio e vejo filmes sobre feminismo, gostaria de fazer parte de uma organização feminista”.

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Andréia Dias Pereira/Marcha Mundial das Mulheres, Brasil, intervenção em fotografia. “Faça chuva, faça sol! Seremos mulheres livres, mulheres transcedentais”. “Querem colonizar os nossos corpos, mas nascemos para ser a chama da liberdade, e esse pulsar nos faz livres para viver”.


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Laure, França, “Todas unidas”, pintura digital. “Para mim, a luta feminista e anti-imperialista passa, antes de tudo, pela união de todos e a tolerância. A imagem do cartaz é a imagem que eu tenho desta luta, uma união plural”.


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Marcha Mundial das Mulheres, Líbano. “Marchantes”.


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Carolina Aviles Junco e Fabiola Sánchez Quirozz/ Jovens contra a Emergência Nacional [Jóvenes ante la Emergencia Nacional], México, tinta sobre papel com intervenção digital. “Como um grande coração, estão todas as lutas feministas, sincronizadas para pulsar no mesmo ritmo pela vida, em meio aos feminicídios e à violência machista”. Pensamos em todas aqueles que deixaram um legado, as grandes Rosa Luxemburgo e Berta Cáceres e outras que representamos com flores. Este cartaz é o resultado de nossas discussões e oficinas”.


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Clarice Schreiner/Observatório Feminista de Relações Internacionais (OFRI) e Grupo de Assessoria a Imigrantes e Refugiados (GAIRE), Brasil, “É importante se conectar, enxergar a história por trás dos olhos de quem sofre”. “Esse cartaz foi criado pela raiva. Pela raiva que sinto da crueldade do presidente. Mas, ao criar, as cores ressaltam a nossa história, nossa sabedoria, a resistência da nossa ancestralidade e a coragem do nosso povo. Esse cartaz foi criado para decolonizar. Obrigada, Alice”.


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Evelyne Medeiros/Consulta Popular, Brasil, desenho a mão. “Traço em caneta preta, inspirada na luta de mulheres invisíveis que protagonizam lutas diversas, o que chamamos de feminismo popular”.


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Marcha Mundial das Mulheres, Líbano. “8 de Março, dia em que assustamos o capitalismo”. “A ideia é apontar que a nossa luta, como feministas, é a luta de todas as pessoas que são oprimidas contra o capitalismo, e mostrar também que esse dia, 8 de Março, foi resultado da luta de trabalhadoras feministas que ergueram sua voz, não de feministas brancas burguesas”.


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Diva Braga/Consulta Popular, Brasil, desenho e colagem. “A geografia da fome tem gênero e tem cor; a geografia da luta também”. “O cartaz tem como inspiração a reflexão sobre o lugar da mulher na Geografia da Fome, livro escrito por Josué de Castro, que com os retrocessos políticos no Brasil e no mundo volta a colocar as mulheres nesta terrível geografia. Mas o cartaz quer lembrar a mulher como protagonista de luta que enfrenta essas desigualdades”.


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Maria Júlia Montero/Marcha Mundial das Mulheres, Brasil, pintura digital. “Fora Bolsonaro! Abaixo o imperialismo na América Latina!”. “O feminismo é um sentimento coletivo (e não um estilo de vida). Quis retratar várias mulheres juntas em luta, como se fosse uma manifestação. O cartaz afirma o ‘Fora Bolsonaro’ porque essa é uma luta também anti-imperialista, uma vez que Bolsonaro atende a interesses imperialistas na América Latina”.


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Marcha Mundial das Mulheres, Líbano. “Saúde mental é uma luta feminista”.


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Eduarda Santos/PSOL, Brasil, “Lute como uma mãe”. “O reconhecimento de mulheres trabalhadoras ainda é pouco. Fazemos dupla, tripla, jornada e só piora. Precisamos de um feminismo que abranja 99% de mulheres para combater o capitalismo”.

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Sarah de Roure/Marcha Mundial das Mulheres, Brasil, “Time de lucha”, colagem e impressão em carimbo. “As rendeiras do Nordeste brasileiro, as indígenas da América latina, as mulheres em luta de todo o mundo, mandamos avisar que o Tempo é agora. E estamos em ‘lucha’. Ao combinar línguas diferentes, imagens de origens tão diversas o cartaz ilustra a globalização das resistências. Cada pedaço de papel tem uma história, juntos contam uma outra. Os materiais utilizados foram recortados de panfletos, livros, envelopes de correspondência pessoal e forro de papel de restaurante”.

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