Kaya Agari: grafismo indígena Kurâ-Bakairi

09/08/2022 |

Por Capire

Conheça a arte de Kaya Agari, do povo indígena Kurâ-Bakairi, no Brasil

A artista e ativista indígena Kaya Agari nasceu em Cuiabá, no estado brasileiro do Mato Grosso, em 1986. Desde 2011, dedica-se à pintura em diversos formatos, inspirada nos grafismos e na cultura de seu povo. Os Kurâ-Bakairi ou Kurâ (palavra da língua bakairi que pode ser traduzida como “nossa gente”) produzem pinturas corporais e estampas geométricas que simbolizam papéis sociais e elementos de sua cosmovisão. As pinturas corporais, chamadas kywenu, são ensinadas pelas pessoas mais velhas: das mulheres às meninas e dos homens aos meninos. Há kywenu exclusivos para mulheres, para homens e para crianças.

Em 2015, Kaya foi uma das organizadoras da exposição Kurâ-Bakairi: Yakuigady e Kywenu no Museu de Arte de Mato Grosso, que apresentou telas, fotografias, pinturas e outros objetos produzidos por artistas do povo Kurâ. Ela participou de outras exposições coletivas de arte contemporânea indígena em Minas Gerais e São Paulo, além de impulsionar oficinas e participar de atividades comunitárias de incentivo à cultura e ao protagonismo das mulheres indígenas.

Artistas indígenas de diversas etnias dão formas e expressões a seus valores estéticos, espirituais e sociais. Ao pautarem e defenderem sua história e memória, propõem uma reescrita coletiva da história da arte no Brasil. Neste Dia Internacional dos Povos Indígenas, compartilhamos algumas das obras de Kaya e convidamos quem nos lê a buscar conhecer mais artistas indígenas.

No Brasil, os povos indígenas têm sofrido ataques sistemáticos incentivados pelo governo de Jair Bolsonaro e por setores conservadores ligados ao agronegócio. Ao mesmo tempo, a resistência indígena é organizada nos territórios e nacionalmente. As artes indígenas são forças expressivas dessa resistência, visibilizando e mantendo modos de vida, tradições, espiritualidades e memórias.

Kalamigare (Pintura de Menina Moça), 2014, acrílica sobre tela. Foto: Isabella Matheus / Pinacoteca de São Paulo
Grafismo masculino – Tuturein (jiboia), 2020, acrílica sobre alvenaria. Foto: Isabella Matheus / Pinacoteca de São Paulo
Menxu (peixe pacu), 2014, acrílica sobre tela. Foto: Isabella Matheus / Pinacoteca de São Paulo
Tywygâ (duas libélulas, grafismo feminino), 2015, acrílica sobre tela
Processo de produção de Kalamigare (Pintura de Menina Moça), 2020

Redação por Helena Zelic com apoio de Amanda Sammour

Artigos Relacionados