A artista e ativista indígena Kaya Agari nasceu em Cuiabá, no estado brasileiro do Mato Grosso, em 1986. Desde 2011, dedica-se à pintura em diversos formatos, inspirada nos grafismos e na cultura de seu povo. Os Kurâ-Bakairi ou Kurâ (palavra da língua bakairi que pode ser traduzida como “nossa gente”) produzem pinturas corporais e estampas geométricas que simbolizam papéis sociais e elementos de sua cosmovisão. As pinturas corporais, chamadas kywenu, são ensinadas pelas pessoas mais velhas: das mulheres às meninas e dos homens aos meninos. Há kywenu exclusivos para mulheres, para homens e para crianças.
Em 2015, Kaya foi uma das organizadoras da exposição Kurâ-Bakairi: Yakuigady e Kywenu no Museu de Arte de Mato Grosso, que apresentou telas, fotografias, pinturas e outros objetos produzidos por artistas do povo Kurâ. Ela participou de outras exposições coletivas de arte contemporânea indígena em Minas Gerais e São Paulo, além de impulsionar oficinas e participar de atividades comunitárias de incentivo à cultura e ao protagonismo das mulheres indígenas.
Artistas indígenas de diversas etnias dão formas e expressões a seus valores estéticos, espirituais e sociais. Ao pautarem e defenderem sua história e memória, propõem uma reescrita coletiva da história da arte no Brasil. Neste Dia Internacional dos Povos Indígenas, compartilhamos algumas das obras de Kaya e convidamos quem nos lê a buscar conhecer mais artistas indígenas.
No Brasil, os povos indígenas têm sofrido ataques sistemáticos incentivados pelo governo de Jair Bolsonaro e por setores conservadores ligados ao agronegócio. Ao mesmo tempo, a resistência indígena é organizada nos territórios e nacionalmente. As artes indígenas são forças expressivas dessa resistência, visibilizando e mantendo modos de vida, tradições, espiritualidades e memórias.