“Minha filha, sabe o que é reforma agrária? É terra, dar terra para os trabalhadores do campo trabalharem”. Assim começa o curta-metragem documental “Elizabeth” (2023), produzido pela observatório brasileiro De Olho Nos Ruralistas. O filme retrata a histórica militante camponesa Elizabeth Teixeira, que em fevereiro de 2025 completou 100 anos.
Como parte das comemorações de seu centenário, o documentário, que circulou em mostras audiovisuais e exibições militantes e ganhou o prêmio de melhor filme da 7ª Mostra Nacional de Cinema Ambiental, foi disponibilizado para assistir no YouTube.
Elizabeth Teixeira, lutadora camponesa do estado da Paraíba, já havia sido gravada para um documentário décadas antes, no documentário “Cabra Marcado Para Morrer” (1984), de Eduardo Coutinho, que denuncia o assassinato do companheiro de Elizabeth, o líder camponês Pedro Teixeira, em 1962, e conta sobre as lutas travadas na clandestinidade por Elizabeth nos anos que se seguiram, sob o regime violento da ditadura militar que se iniciou em 1964.
Segundo o De Olho Nos Ruralistas, “a recorrência da reforma agrária em sua fala é inversamente proporcional ao tanto que o tema é pautado no Brasil atual”. E foi lutando por reforma agrária que, em 1996, 21 camponeses foram assassinados no estado do Pará, no norte do Brasil, no episódio que ficou marcado na história como o Massacre de Eldorado do Carajás.
Em homenagem a esses lutadores e lutadoras, a Via Campesina instituiu o dia 17 de abril como o Dia Internacional das Lutas Camponesas. Trata-se de uma data de memória e homenagem às resistências camponesas do passado e do presente, e de ação global pelo direito à terra e por soberania alimentar.
