Os impactos da guerra genocida de Israel na vida das mulheres palestinas

20/12/2024 |

Samah Abu Nima

Uma militante palestina da Via Campesina denuncia as atrocidades e as violações de direitos humanos cometidas por Israel em Gaza.

Neste momento, a Palestina vive uma crise sem precedentes, marcada pela brutalidade da guerra, do genocídio e da limpeza étnica promovidos por Israel. Essas atrocidades ocorrem sob o véu do imperialismo e da arrogância israelense, evidenciando as graves violações dos direitos humanos cometidas contra a população palestina.

Esta guerra genocida é a mais letal e violenta na história do povo palestino desde 1948. Já se passou mais de um ano desde o início do conflito, durante o qual um grande número de mártires, feridos e atingidos perdeu a vida, incluindo mulheres, crianças e idosos. O número de mártires deste ano alcançou 43.374, sendo 11.815 mulheres e 17.889 crianças. Além disso, cerca de 10.000 pessoas estão desaparecidas sob os escombros, entre elas 4.700 mulheres e crianças.

Mulheres e crianças estão, portanto, entre os grupos mais afetados por esta guerra, que destruiu o futuro das próximas gerações e visou sistematicamente as mulheres palestinas, vistas como responsáveis pela preservação e continuidade das gerações futuras.

As mulheres palestinas são submetidas à opressão e violência em todas as suas formas, incluindo assassinatos, deslocamento forçado e negação de acesso à saúde, educação e ao direito de viver com dignidade. Esse cenário se agrava com o encarceramento e o abuso das mulheres palestinas detidas. Desde o primeiro momento de sua prisão, as mulheres palestinas são submetidas às formas extremas de perseguição e violência física e psicológica, incluindo intimidação, interrogatórios duros, revistas íntimas e a humilhação de sua dignidade.

Israel, em sua recente guerra contra Gaza, visou deliberadamente o setor de saúde, atacando hospitais, médicos, ambulâncias e até mesmo os paramédicos. Na Faixa de Gaza, a destruição foi tão abrangente que não poupou nem vidas humanas nem as estruturas ao redor. O número de feridos devido aos bombardeios israelenses ultrapassou 85.653, sendo a maioria mulheres e crianças que tiveram um ou mais membros amputados.

Além do imenso sofrimento das mulheres e crianças, elas enfrentam crises psicológicas graves, condições de saúde difíceis, propagação de doenças e epidemias, contaminação da água, desnutrição e a escassez de itens essenciais como absorventes higiênicos. As mulheres grávidas, em particular, sofrem pela ausência de condições adequadas de saúde, muitas vezes dando à luz nas ruas ou parques públicos, sem qualquer cuidado médico ou respeito à sua privacidade.

Como resultado, muitas outras mulheres são forçadas a recorrer a métodos contraceptivos, e em alguns casos, até mesmo a métodos para suprimir seus ciclos menstruais, a fim de evitar as mesmas circunstâncias. Além disso, Israel, em sua guerra incessante contra a Faixa de Gaza, atacou sistematicamente o sistema educacional, levando à suspensão das aulas em Gaza por mais de um ano. Escolas, universidades e infraestrutura foram totalmente destruídas, e as poucas escolas restantes foram transformadas em abrigos para famílias forçadas a abandonar suas casas. O estado sionista também visou deliberadamente crianças e mulheres, bombardeando e incendiando-as dentro desses abrigos enquanto o mundo observava.

Quanto à vida cotidiana na Faixa de Gaza sitiada, a situação para as mulheres é extremamente difícil. Com o bloqueio de água, alimentos, remédios e combustíveis, todas as condições mínimas de vida foram destruídas. As mulheres foram forçadas a cozinhar usando lenha, e se tornaram completamente incapazes de atender às suas próprias necessidades e às de seus filhos. Além disso, os ataques israelenses destruíram edifícios, ruas e toda a infraestrutura palestina, tanto em Gaza quanto nas cidades da Cisjordânia, como Jenin e Tulkarem, resultando em superlotação nas tendas e na falta de serviços médicos e assistência à saúde. Isso tornou até mesmo as tarefas mais simples, como acessar um banheiro, uma provação desafiadora. As mulheres precisam esperar em longas filas, junto aos homens, por horas, sem respeito à sua privacidade.

A guerra teve um impacto severo na agricultura, o setor mais crítico da Palestina. Os agricultores estão vivendo em condições extremamente desafiadoras, impossibilitados de acessar suas terras ou colher suas safras devido aos bombardeios constantes. Além disso, os gases tóxicos utilizados durante a guerra contaminam o solo, destruindo as plantações e tornando os alimentos impróprios para consumo. Na Cisjordânia, os postos militares deslocaram ainda mais as pessoas de suas terras.

Essas terras têm sido alvo de violações extensas, como a derrubada de árvores, a confiscação e a apreensão de fontes de água. Isso tornou a irrigação impossível, levando à destruição das safras. Além disso, uma parcela significativa das colheitas de azeitonas foi roubada e confiscada. O deslocamento forçado de mulheres, crianças e moradores locais das áreas agrícolas tornou-se uma prática comum, junto à instalação de postos de assentamento em terras agrícolas.

Mais recentemente, Israel informou à Organização das Nações Unidas sua decisão de romper com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) e cancelar o acordo entre as duas partes. Essa ação promete desencadear uma grande catástrofe humanitária em Gaza e na Cisjordânia.

Com esses atos, Israel viola flagrantemente todas as normas e leis humanitárias e internacionais, causando uma das maiores catástrofes humanitárias de nosso tempo.

Traduzido do inglês por Liz Stern
Idioma original: árabe
Edição por Helena Zelic

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